Há
muitos anos o Velho Oeste Paulista precisava de liderança religiosa que tivesse
conhecimento profundo do Evangelho, consciência de seus compromissos e
iniciativa nas atividades de transformação, defesa e esclarecimento de seu
povo. Padre Eduardo, responsável pela paróquia de Maracaí, deu o primeiro passo
para resgatar a região do Vale do Paranapanema.
Sem
invencionices, sem se dobrar ao gosto de picaretas que freqüentam a igreja a
fim de extorquir fiéis ou roubar votos de desavisados, sem teologias milagrosas
ou enganadoras, sem ceder a pressões ou ameaças de burros ladrões de dinheiro
público, Padre Eduardo simplesmente segue Cristo e mantém discurso coerente,
harmonioso e digno. Em uma de suas missas, utilizando-se de metáforas de grande
poesia aplicadas ao didatismo necessário à compreensão dos ouvintes, instigou a
reflexão sobre o dinheiro público promovendo debate sobre o lema da Campanha da
Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Saúde Pública”.
Quem
tem acesso aos meios de comunicação – televisão, rádio, jornais, internet,
redes sociais – sabe perfeitamente que Maracaí sofre inigualáveis crises que
envergonham a população: nepotismo; fichas sujas; vereadores aprovando salários
milionários para os secretários municipais e remunerações ridículas para os
funcionários públicos; concursos públicos problemáticos; Comissões de Inquérito
arquivadas por vereadores que afirmaram que consultorias contratadas com
dinheiro público não tinham irregularidades, mas posteriormente desautorizados pelo
Tribunal de Contas do Estado que não apenas detectou as irregularidades como,
em alguns casos, ordenou a devolução do dinheiro; órgãos de saúde, conforme
amplamente noticiado pela televisão, sem médicos; cidadãos procurados pelo
Tribunal de Contas e investigados pelo Ministério Público por recebimento inexplicável
de dinheiro público; prefeita com bens bloqueados pela Justiça por Atos de
Improbidade Administrativa; secretários municipais com extensa lista de
processos criminais por, entre outros motivos, cometer crimes de racismo, de
injúria, de ameaça...
Com
tantos problemas e gastos discutíveis de dinheiro do povo, obviamente a saúde
pública de Maracaí está de mal a pior: sobrevive na UTI graças aos empenhos da
própria população. Padre Eduardo enfatizou a participação popular e a
transparência na aplicação de recursos públicos como pressupostos de ampliar os
atendimentos, racionalizar os gastos e criar segurança entre os usuários dos
sistemas.
O
ponto alto da pregação se deu no momento em que ressaltou que não viraria as
costas ao Cristo. Nos últimos tempos – quando estelionatários mudam discursos e
trocam posições doutrinárias para satisfazer a picaretagem grupal – tornou-se
raro achar alguém que não virou as costas ao Cristo e, sem dúvida, esse alguém
que se manteve firme na palavra de Jesus é Padre Eduardo.
Pilantras
saíram da missa maldizendo o padre. Corruptos e ladrões de dinheiro público até
que tentaram, entretanto não conseguiram intimidá-lo. Apoiadores ou apoiados
por burros ladrões de dinheiro público podem até montar bandos ou quadrilhas
para pressionar, intimidar ou ameaçar bispos, arcebispos, cardeais e o papa, porém
meterão os burros n’água: vão buscar lã e voltam tosquiados. Afinal de contas,
assim como o padre Eduardo, duvido muito que bispos, arcebispos, cardeais e o
papa metam-se em negociatas com vermes.
Parabéns,
Padre Eduardo! Os vendilhões do templo são expulsos todos os dias. Se Páscoa é
sinônimo de mudança, a mudança já começou em Maracaí e as raposas pilantras –
que se escondiam entre as ovelhas – já estão sendo identificadas.
Vicentônio
Regis do Nascimento Silva é presidente da ADPCIM (Associação de Defesa e
Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí) –
www.adpcim.blogspot.com
*Publicado
originalmente em O Regional (Tarumã –
SP) de 7 de abril de 2012.