domingo, 8 de abril de 2012

PADRE EDUARDO, PÁSCOA E PILANTRAS






Há muitos anos o Velho Oeste Paulista precisava de liderança religiosa que tivesse conhecimento profundo do Evangelho, consciência de seus compromissos e iniciativa nas atividades de transformação, defesa e esclarecimento de seu povo. Padre Eduardo, responsável pela paróquia de Maracaí, deu o primeiro passo para resgatar a região do Vale do Paranapanema.



Sem invencionices, sem se dobrar ao gosto de picaretas que freqüentam a igreja a fim de extorquir fiéis ou roubar votos de desavisados, sem teologias milagrosas ou enganadoras, sem ceder a pressões ou ameaças de burros ladrões de dinheiro público, Padre Eduardo simplesmente segue Cristo e mantém discurso coerente, harmonioso e digno. Em uma de suas missas, utilizando-se de metáforas de grande poesia aplicadas ao didatismo necessário à compreensão dos ouvintes, instigou a reflexão sobre o dinheiro público promovendo debate sobre o lema da Campanha da Fraternidade deste ano: “Fraternidade e Saúde Pública”.



Quem tem acesso aos meios de comunicação – televisão, rádio, jornais, internet, redes sociais – sabe perfeitamente que Maracaí sofre inigualáveis crises que envergonham a população: nepotismo; fichas sujas; vereadores aprovando salários milionários para os secretários municipais e remunerações ridículas para os funcionários públicos; concursos públicos problemáticos; Comissões de Inquérito arquivadas por vereadores que afirmaram que consultorias contratadas com dinheiro público não tinham irregularidades, mas posteriormente desautorizados pelo Tribunal de Contas do Estado que não apenas detectou as irregularidades como, em alguns casos, ordenou a devolução do dinheiro; órgãos de saúde, conforme amplamente noticiado pela televisão, sem médicos; cidadãos procurados pelo Tribunal de Contas e investigados pelo Ministério Público por recebimento inexplicável de dinheiro público; prefeita com bens bloqueados pela Justiça por Atos de Improbidade Administrativa; secretários municipais com extensa lista de processos criminais por, entre outros motivos, cometer crimes de racismo, de injúria, de ameaça...



Com tantos problemas e gastos discutíveis de dinheiro do povo, obviamente a saúde pública de Maracaí está de mal a pior: sobrevive na UTI graças aos empenhos da própria população. Padre Eduardo enfatizou a participação popular e a transparência na aplicação de recursos públicos como pressupostos de ampliar os atendimentos, racionalizar os gastos e criar segurança entre os usuários dos sistemas.



O ponto alto da pregação se deu no momento em que ressaltou que não viraria as costas ao Cristo. Nos últimos tempos – quando estelionatários mudam discursos e trocam posições doutrinárias para satisfazer a picaretagem grupal – tornou-se raro achar alguém que não virou as costas ao Cristo e, sem dúvida, esse alguém que se manteve firme na palavra de Jesus é Padre Eduardo.



Pilantras saíram da missa maldizendo o padre. Corruptos e ladrões de dinheiro público até que tentaram, entretanto não conseguiram intimidá-lo. Apoiadores ou apoiados por burros ladrões de dinheiro público podem até montar bandos ou quadrilhas para pressionar, intimidar ou ameaçar bispos, arcebispos, cardeais e o papa, porém meterão os burros n’água: vão buscar lã e voltam tosquiados. Afinal de contas, assim como o padre Eduardo, duvido muito que bispos, arcebispos, cardeais e o papa metam-se em negociatas com vermes.



Parabéns, Padre Eduardo! Os vendilhões do templo são expulsos todos os dias. Se Páscoa é sinônimo de mudança, a mudança já começou em Maracaí e as raposas pilantras – que se escondiam entre as ovelhas – já estão sendo identificadas.



Vicentônio Regis do Nascimento Silva é presidente da ADPCIM (Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí) – www.adpcim.blogspot.com

                                     



*Publicado originalmente em O Regional (Tarumã – SP) de 7 de abril de 2012.

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