domingo, 18 de março de 2012

PARA ONDE VAI O DINHEIRO DE MARACAÍ?


A imprensa regional e a estadual destacaram imparcialmente o bloqueio dos bens da ora prefeita de Maracaí Elizabete de Carvalho em decisão tomada pela Justiça a pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo que, analisando documentos e condutas da chefe do executivo, de seu secretário e de um empresário, impetrou Ação Civil Pública por Atos de Improbidade Administrativa.  O bloqueio dos bens é indício de que o Judiciário, numa primeira análise, comprovou os argumentos do Promotor de Justiça e respaldou a consistência das provas.



O bom trato e a transparência das aplicações do dinheiro público constituem ensinamentos fundamentais aos quais os administradores públicos deveriam se submeter, mas nem sempre a transparência parece o caminho escolhido. Daí surge o questionamento sobre Elizabete de Carvalho na explicação do dinheiro público gerido por seus colaboradores.



Walter Reynaldo – um de seus colaboradores – estava sendo procurado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) que exigiu, em ofício enviado à prefeita, a devolução de mais de R$ 8.000,00 (oito mil reais) aos cofres públicos quando presidia a Associação Monsenhor Marcílio Genoni, entidade que mantém a rádio comunitária Karisma FM. Em 23 de maio de 2011, a ADPCIM (Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí) protocolou requerimento solicitando informações sobre a devolução do dinheiro que, segundo o TCE, tinha Walter Reynaldo como responsável. Em 28 de junho de 2011, a ADPCIM voltou a solicitar informações e, finalmente, em 17 de fevereiro deste ano, mais uma vez, a entidade requereu detalhes sobre o dinheiro público irregularmente utilizado.



Mesmo alertada pelo Tribunal de Contas da necessidade de devolução do dinheiro, mesmo advertida e cobrada pela ADPCIM, a prefeita de Maracaí, além de nada nos esclarecer sobre os mais de R$ 8.000,00 pelos quais Walter Reynaldo é responsável, continua transferindo mais de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) para as mãos do mesmo Walter Reynaldo, inexplicavelmente alçado a provedor do Hospital de Maracaí e presidente do SASSOM, organização sustentada pelo dinheiro público.



Da mesma forma que o Ministério Público investigou a Prefeita e a Justiça bloqueou seus bens, as contas, as obras e quaisquer gastos realizados no Hospital de Maracaí e no Sassom devem ser analisados minuciosamente. A rejeição da prefeita de Maracaí beira os 50%: prova de que a população não está satisfeita com suas atitudes.



Como se não bastasse, o mesmo Walter Reynaldo (procurado pelo Tribunal de Contas e administrando duas entidades com orçamentos públicos milionários) responde a inquérito civil instaurado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo a fim de apurar o destino de mais de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) levados por ele da prefeitura entre 2009 e 2010.



Em depoimento ao Ministério Público, Walter Reynaldo informou que nunca fez jornalismo. Se nunca fez jornalismo – e seus programas na rádio atestam sem grande esforço sua confissão – como levou mais de R$ 40.000,00 dos cofres da prefeitura de Maracaí para desenvolver trabalhos na área de comunicação? Complica-se ainda mais sua situação quando outros atores – que vivem do dinheiro da prefeitura e se instalaram na cidade pouco antes ou após a posse da prefeita – livraram-se da batata quente e confirmaram que não sabiam desse seu “trabalho de comunicador”.



Os mais R$ 40.000,00 levados por Walter Reynaldo da prefeitura de Maracaí poderiam comprar remédios e contratar mais médicos para atendimento da população. Se optou por pagar mais de R$ 40.000,00 a Walter Reynaldo em vez de comprar remédios, certamente a prefeita convenceu-se de que o povo não precisa de remédios, mas Walter Reynaldo necessitava dessa bolada.



Voltaremos a esse espaço mais vezes para indagar do destino do dinheiro da prefeitura de Maracaí sem acusar ninguém e sem esquecer que, daqui para frente, não apenas o Tribunal de Contas do Estado, mas também o Tribunal de Contas da União, a Controladoria Geral da União e a Polícia Federal devem avaliar a prefeita de Maracaí e investigar Walter Reynaldo.



Agora, podem ter certeza, vai ter assunto para o cachorro morto pançudo latir durante a semana inteira e o fariseu charlatão gaguejar nas explicações aos ingênuos que já aprenderam que “nem todo aquele que diz: ‘Senhor, Senhor!’ entrará no reino dos céus”. (Mateus, 7-21)





*Publicado originalmente em O Regional (Tarumã – SP) de 17 de março de 2012.





Vicentônio Regis do Nascimento Silva é presidente da ADPCIM (Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí) – www.associacaodedefesadopatrimoniopublico.blogspot.com


2 comentários:

  1. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA de longe, soltei uma gargalhada diante da tragédia, isso parece roteiro de novela Maracaí poderia muito bem ter o nome de ASA BRANCA, em homenagem a ROQUE SANTEIRO, pois tem até santo igual a novela (mas na novela o santo era falso) e em Maracaí (a cidade cenográfica como eu costumo intitular) o que tem de verdade?? A única verdade que sei é que na minha conta não caiu nenhum vintém ... mas em outras contas (contas estas nada cenográficas)... as notas estão entrando aos montes e descaradamente! Mas será que essa novela termina???

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