segunda-feira, 17 de setembro de 2012

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO, ADPCIM E VEREADORES


Em meados do ano passado, a ADPCIM (Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí) solicitou a instauração de Comissão Especial de Inquérito (CEI) a fim de investigar as contratações de consultorias. Elizabete de Carvalho, na condição de responsável pelo patrimônio público municipal, permitiu a contratação de consultorias que, juntas, levaram mais de R$ 750.000,00 que poderiam ter sido usados para médicos, remédios, casas populares.

 

A CEI foi composta por Eduardo Correa Sotana (Tatu), Francisco Cassachia Neto e Maurício Sergio Justiniano (Psiu). Em julho do ano passado, durante as apurações, escrevi artigo neste jornal defendendo que, por motivos técnicos e conjecturais, apenas Eduardo Correa Sotana reunia condições de desempenho de trabalho satisfatório. Não me enganei. Depois da análise de dezenas de documentos, Eduardo Sotana apontou irregularidades. Por outro lado, Psiu & Cassachia solicitaram inexplicavelmente o arquivamento. Segundo Psiu & Cassachia, os contratos entre prefeitura e consultorias estavam dentro da lei.

 

Sabendo do absurdo de Psiu & Cassachia – maioria na comissão de três membros – a ADPCIM formalizou denúncia ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE). O TCE condenou a ação das consultorias. Em alguns casos, ordenou a devolução do dinheiro.

 

O TCE selecionou, por amostragem, consultorias contratadas pela prefeitura de Maracaí, indicando quanto levaram entre 2009 e 2010: Santiago & Villela Sociedade de Advogados (R$ 66.000,00), Consilcel (R$ 53.675,00), Planass (R$ 137.406,50), Itedes (R$ 62.800,00), Dominium Assessoria (R$ 149.600,00), WD Consultoria (R$ 147.900,00). Só com esses contratos, as consultorias levaram R$ 617.381,00. Os relatores do TCE espantaram-se por, entre outros motivos, a prefeitura de Maracaí possuir dois cargos de advogados em seus quadros e, mesmo assim, contratar mais advogados. O caso está sendo investigado em outro processo (TC-478/005/11).

 

A Dal Más Assessoria e Consultoria também entrou no rol de investigações. A consultoria levou R$ 141.750,00 com a finalidade de “implementar” o Plano Municipal de Saneamento Básico. Segundo o relatório, o CIVAP já tinha elaborado o tal plano, aprovado em audiência pública em 22 de dezembro de 2009 (anteriormente à realização da licitação que contratou a empresa). Antes da execução do contrato da Dal Más, lei sobre o Plano de Saneamento foi aprovada em 19 de maio de 2010.

 

A função do vereador – e, principalmente, do presidente da Câmara – é fiscalizar o uso do dinheiro público, impedindo sua aplicação irregular. Em 2009, Francisco Cassachia Neto era o presidente da Câmara. Em 2010, Maurício Sergio Justiniano (Psiu) ocupava o posto. Por que Cassachia & Psiu, na condição de vereadores e de presidentes da Câmara, permitiram essa irregularidade? Por que integraram a CEI que investigava tais absurdos e, mesmo diante de todos os fatos comprovados, resolveram dizer que as consultorias estavam dentro da lei? Se fossem empregados de empresas particulares, seriam despedidos por justa causa. Se fossem funcionários públicos concursados – passar em concurso público sério exige capacidade, competência e inteligência – seriam demitidos, condenados por improbidade administrativa.

 

Diante da aparente dificuldade da Câmara de vereadores, a ADPCIM precisa trabalhar – de graça e em dobro – para fiscalizar o patrimônio público e denunciar as irregularidades.

 

Esses mais de R$ 750.000,00 – levados pelas consultorias do povo de Maracaí – poderiam ter sido investidos em médicos e remédios. Se Psiu & Cassachia tivessem buscado auxiliares competentes, teriam descoberto as irregularidades e, hoje, esses mais de R$ 750.000,00 teriam construído vinte casas populares. Mas, barato eleitor, quem se importa em construir casas populares? Você, eleitor fácil de enganar, já ganhou sua casa popular, a casa que lhe prometeram?

 

Poderíamos convidar os três vereadores que integraram a CEI – Eduardo Sotana, Psiu & Cassachia – a fim de, na qualidade de representantes legais do povo, compartilharem seus pontos de vista políticos e sociológicos respondendo a três perguntas de absoluto interesse coletivo e, portanto, incluídas em suas atividades parlamentares de homens públicos:

 

1 – Qual sua opinião sobre o nepotismo?

 

2 – Qual o destino de corruptos que, praticamente analfabetos, conseguiram passar em concursos públicos fraudulentos e encaixaram toda a família na mamata?

 

3 – Que destino deve ser dado ao homem canalha, cafajeste, calhorda e patife que espanca a esposa, enforca a namorada com o fio do ferro de passar roupa e bate na amante com pedaço de mangueira?

 

A opinião não apenas dos três, mas de todos os vereadores certamente contribuirá ao debate cidadão.

 

Na próxima semana, um olhar sobre a Educação.

 

Vicentônio Regis do Nascimento Silva (www.adpcim.blogspot.com) é presidente da Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí (ADPCIM).

 

*Publicado originalmente em O Regional (Tarumã – SP) de 15 de setembro de 2012.

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