As
eleições municipais aproximam-se e, com elas, candidatos à eleição ou reeleição
percorrerão as ruas em busca de votos. Alguns são conhecidos pelos trabalhos
eficientes, mas existe meia dúzia de desocupados que usaram o mandato para
fazer tudo, menos apresentar propostas interessantes e lutar pelo crescimento
da cidade. Esse tipo é o que chamamos vereador sem tamanho – metaforicamente
falando.
Vereador
sem tamanho é o lixo humano que usa seu mandato para disfarçadamente saquear os
cofres públicos. A geração de emprego e renda não se desenvolve, mas tenha
certeza, barato eleitor, que ele colocou a família inteira trabalhando na
prefeitura, seja diretamente por meio de concursos públicos fraudados (como
aqueles, listados no “Fantástico” semanas atrás), seja indiretamente em
organizações não governamentais que levam milhões de reais sem atingir suas
finalidades (a única finalidade é servir de cabide de emprego – tanto cabide
que chega a ser guarda-roupa).
Vereador
sem tamanho ia todos os domingos à igreja com a intenção escancarada de enganar
os fiéis, de surrupiar votos, mas foi desmascarado e, agora, na maior cara de
pau, sai de casa com horas de antecedência para assistir missas, cultos e
encontros em outras cidades. Por acaso, o vereador sem tamanho acha que o povo
das outras cidades não reconhece de longe o lobo disfarçado em pele de ovelha,
o bandido vestido de anjo?
Vereador
sem tamanho é aquela espécie sem palavra. Mete o pau no governador e nos
pedágios, entretanto mal sabe que o governador comparecerá a evento a seiscentos
quilômetros para, sem pensar duas vezes, encher o tanque do carro, pagar todos
os pedágios, comer em cinco restaurantes, festejar em hotel e comprar
quinquilharias pela estrada. Como se não bastasse, tem a cara de pau de sair na
fotografia, dentes arreganhados, abraçado a quem?
Vereador
sem tamanho é espécie de vira-lata que usa a tribuna da Câmara para falar de
tudo – principalmente defender bandidos e desvios milionários – e, em nenhum
momento, apresenta projetos importantes. Conclama que vai defender os direitos
das mulheres, contudo nem sabe quais são eles. Afirma que fará reformas
administrativas, entretanto é incompetente demais para fixar metas de
aperfeiçoamento.
Sua
incompetência alastra-se não apenas aos fatores legislativos, mas também o
impede de transitar no poder executivo e na conquista amorosa. O chefe não
atende seus telefonemas, ignora seus apelos e o ridiculariza entre os
comparsas. Qualquer cachaceiro despreparado é escolhido para substituí-lo. Até
o pedido de serviçais é prontamente atendido. O vereador sem tamanho – implora,
pede, chora, ajoelha-se – solicitando empreguinho para a amante, conquistada
com promessas de se tornar secretária de qualquer pasta, mas tem seu pedido
negado e vai, de bar em bar, desabafar nos ombros de quem nem conhece. Acha que
os clientes são obrigados a compartilhar ou compreender seus fracassos como
vereador, seus insucessos como articulista político, seus frustrados métodos amorosos?
Vereador
sem tamanho sempre faz um discurso, mas, na prática, faz outra coisa. A
ficha-limpa foi aprovada por lei federal e, recentemente, incorporada à
Constituição do Estado de São Paulo e à do Rio de Janeiro. O que se pode
esperar de quem recorre aos esquemas para arrumar empregos para os familiares
enquanto a população sofre sem condições de sobrevivência?
Vereador
sem tamanho não sabe explicar o aumento de seu patrimônio. Ganha R$ 800,00 de
empregado aos quais acrescenta R$ 1.200,00 do salário de vereador. Como comprou
carro importado de R$ 120.000,00? R$ 120.000,00 é o preço à vista. Geralmente
os clientes compram em quarenta e oito prestações de R$ 1.800,00. Se o vereador
ganha R$ 2.000,00 brutos (quando retirados INSS e outros descontos, os ganhos
não superam R$ 1.700,00), como consegue pagar prestações de R$ 1.800,00? Como
faz para pagar água, energia elétrica, supermercado, gás, conta de telefone,
roupa, remédios, as prestações do carro da amante? O eleitor sabe de onde sai o
restante do dinheiro para sustentar o vereador sem tamanho?
Dom
Eugênio Salles, Dom Helder Câmara e Gandhi eram fisicamente baixos, mas
inatingivelmente altos na defesa da honestidade, da transparência e dos
direitos humanos. Tem gente que, mesmo candidato a vereador, não cresce nem
física nem moralmente, enchendo de imundície a tribuna da Câmara e demonstrando
seu fracasso, até mesmo como homem, ao recorrer ao dinheiro público para
conquistar amante. Abra os olhos eleitor, pois ele vai visitá-lo nas próximas
semanas. Aliás, você conhece algum vereador assim?
Vicentônio
Regis do Nascimento Silva (www.adpcim.blogspot.com)
é presidente da Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos
Direitos do Cidadão de Maracaí (ADPCIM).
*Publicado
originalmente no jornal O Regional
(Tarumã – SP) de 1 de setembro de 2012.
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