terça-feira, 29 de janeiro de 2013

CADÊ O DINHEIRO DO HOSPITAL, BETE & HEBER?


O hospital de Maracaí assumiu lugar de destaque no noticiário regional depois da manifestação de seus funcionários. Protestavam contra a falta do décimo terceiro salário. No jogo de empurra-empurra, a prefeitura garantiu o repasse até o fim de dezembro; o provedor do Hospital afirmou que não tinha dinheiro em caixa. O único salário religiosamente pago foi o da ex-prefeita.

 

 

Onde foi parar o dinheiro que pagaria o décimo terceiro salário dos funcionários do hospital, do asilo e parte dos da creche? Esta não é a primeira vez que Walter Reynaldo envolve-se em discussões sobre o uso do dinheiro público. Seu histórico é antigo. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) enviou ofício à administração da dupla Bete & Heber ordenando a devolução de mais de R$ 8.000,00 (oito mil reais) que Walter Reynaldo, então representante da rádio comunitária Karisma FM, tinha recebido da prefeitura.

 

 

Depois de minuciosa investigação, a ADPCIM descobriu que o mesmo Walter Reynaldo recebera mais ou menos R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) durante a gestão Bete & Heber para produzir trabalhos na área de comunicação (produção, locução, gravação etc). Se Walter Reynaldo não é jornalista, por que recebeu essa montanha de dinheiro? Mais recentemente – em novembro de 2012 – o TCE identificou falhas no Hospital de Maracaí, ordenando que a então prefeita Elizabete de Carvalho comunicasse tais irregularidades ao provedor Walter Reynaldo, devendo, tanto a prefeitura quanto o hospital, esclarecer o uso de R$ 2.100.000,00 (dois milhões e cem mil reais). O que aconteceu com essa montanha de dinheiro sobre o destino do qual o TCE deseja esclarecimentos?

 

 

O fato é simples de resolver. Primeiro, Walter Reynaldo deve devolver os R$ 40.000,00 que recebeu para seus “serviços de comunicação”, já investigados pelo Ministério Público. Segundo, depois da devolução, o dinheiro deve ser aplicado nos funcionários da creche, do asilo e do hospital. Não é dinheiro suficiente, mas para funcionários que passaram o natal em apuros, já é grande ajuda. Por fim, a prefeitura deve promover ampla e minuciosa auditoria no Hospital e no SASSOM, verificando não apenas a contabilidade e as finanças, mas principalmente investigando se funcionários e colaboradores, que entraram a partir de 2009, eventualmente multiplicaram o patrimônio pessoal, da esposa, do esposo, dos filhos, dos netos, dos bisnetos, dos avós, dos tios, dos afilhados: compraram carros, casas, terrenos, chácaras? Será que crianças com menos de dez anos de idade já teriam mais de duzentos mil reais em patrimônio? E, se tiverem, como conseguiram todo esse dinheiro? Será que alguém que não tinha nada até 2008, repentinamente ficou bem de vida, expandiu as posses?

 

 

O Tribunal de Contas já sabe que o pente fino nas contas púbicas é um procedimento importante. Encontrou irregularidades no uso de dinheiro público pela rádio comunitária Karisma FM quando Walter Reynaldo era seu responsável. Assim como a ADPCIM também encontrou irregularidades nos “serviços de comunicação” prestados por alguém que não é jornalista.

 

 

Depois da auditoria nas contas do Hospital e do SASSOM, nos caberá perguntar à dupla Bete & Heber: o que vocês fizeram com a saúde de Maracaí? Por que as ambulâncias estão esculhambadas? Por que os médicos abandonaram a cidade? Por que os remédios desapareceram das prateleiras? Por que o centro de saúde e a creche ficaram inacabados? Por que deixar os funcionários do hospital e do SASSOM sem décimo terceiro? Enfim, cadê o dinheiro do povo de Maracaí, Bete & Heber?

 

 

Bete & Heber administraram a cidade por quatro anos. Hoje, sofremos com problemas imensos. Se não tivesse ocorrido aquele concurso público – denunciado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo – que empregou vários parentes e correligionários, certamente a prefeitura teria economizado cerca de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) por ano. Um milhão de reais a serem investidos em saúde: término do centro de saúde, conserto dos prédios mal feitos, aquisição de remédios, conserto de ambulâncias...

 

 

Mas, por que Bete & Heber se preocupariam com o povo se seus parentes já entraram – em concurso público considerado ilegal pelo Ministério Público – na prefeitura? Barato leitor e aturdido contribuinte, não esquente a cabeça. Enquanto você está se lascando pela falta de remédios e de ambulância, os parentes e os correligionários recebem seus bons salários na prefeitura, pagos por você!

 

 

***

 

Na próxima semana, vamos tratar do concurso público – considerado ilegal pelo Ministério Público – em que parentes e correligionários de Bete & Heber entraram na prefeitura.

 

 

 

Vicentônio Regis do Nascimento Silva (www.adpcim.blogspot.com) é presidente da Associação de Defesa e Proteção do Patrimônio Público e dos Direitos do Cidadão de Maracaí (ADPCIM).

 

 

*Publicado originalmente no jornal O Regional (Tarumã – SP) de 26 de janeiro de 2013.

 

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